Há 30 anos, no dia 13 de maio de 1985, ocorreu um dos mais bárbaros crimes contra a luta por direitos civis nos EUA. O governo da Filadélfia fez um ataque à bomba contra uma casa que servia de sede do MOVE utilizando um helicóptero da polícia. A bomba matou John Africa, líder e fundador do movimento e mais 10 pessoas, sendo cinco crianças, que viviam de forma coletiva na casa e 62 famílias perderam suas moradias nesse atentado grotesco.
Por que os líderes políticos se sentiram tão ameaçado por este grupo de rebeldes negros que viviam em um complexo comunal? Porque o MOVE recusou-se a legitimar o governo dos EUA e os valores predominantes. Seus membros desafiaram o poder oficial e incansavelmente pregaram contra um sistema que consideravam totalmente corrupto e destrutivo para a vida do planeta, principalmente pelo uso intensivo de tecnologia moderna na matança de animais. E quando as autoridades os ameaçaram e os confrontaram eles não recuaram.
Em particular, o MOVE denunciou fortemente o assalto da polícia à sua sede em 1978 e lutou contra a prisão de nove membros do grupo que foram condenados com penas de 30 anos à prisão perpétua por um crime que jamais foi solucionado. Um policial foi assassinado em sua casa, mas nunca se chegou a alguma prova ou testemunho que pudesse indicar a autoria do crime. O juiz admitiu abertamente que não tinha idéia de quem matou o policial, mas não hesitou em condenar coletivamente os acusados. (A natureza política de todos os casos apresentados contra o movimento é muito clara: renunciar ao MOVE tem sido sempre uma condição para redução de pena ou liberdade condicional.)
O MOVE sempre trabalhou para denunciar a hipocrisia do governo, trazendo à tona a história brutal de violência contra bairros de população negra nos EUA. Tragicamente se tornaram vítimas desse mesmo governo e acabaram por protagonizar um dos episódios mais cruéis de violência do Estado contra sua própria população. Após o bombardeio do MOVE, o capitalismo nos EUA seguiu o seu curso normal. Nenhum dos policiais que participaram do massacre foram sequer acusados. Nem o prefeito nem o chefe da polícia foram responsabilizados pelo ataque a bomba. No triste episódio apenas uma pessoa foi presa: Ramona África, que cumpriu sete anos de prisão. Acusada de conspiração, motim, e vários assaltos, o seu "crime" real foi sobreviver ao bombardeio que teve como objetivo a erradicação do MOVE.
Numa carta recente, o preso político Phil Africa escreveu: "Desistir nunca! O sistema não é verdadeiramente poderoso. O sistema teme a nós de coração rebelde. O poder verdadeiro é visto na Mãe Natureza que nos protege e nos alimenta, não neste sistema débil que só nos traz morte, destruição e dor. Virá um dia quando todos e todas conseguiremos viver em paz e harmonia".
Para mais informações ver o link: http://en.wikipedia.org/wiki/MOVE
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