Mais um ataque ao jornalismo e ás mídias independentes



Se no Brasil temos acompanhado o caso de Fábio Hideki, e o fascismo institucionalizado a exemplo das censuras à liberdade de expressão, em Angola um caso parecido acontece. 

Rafael Marques, jornalista investigativo, é acusado de "denúncia caluniosa" pela publicação de seu livro "Diamantes de Sangue: Corrupção e tortura em Angola". A publicação do livro, em 2011, e os atentados que sofreu pelo conteúdo do livro, entretanto, são apenas parte de uma história de violência e opressão contra a liberdade de expressão e o ativismo pelos direitos humanos em Angola. 

Por duas vezes, o jornalista foi processado em razão de atividade jornalística. Na primeira, a ação foi movida pelo atual presidente angolano, José Eduardo dos Santos (Presidente de Angola desde 1979), após a publicação do artigo "O batom da ditadura", em 2000. No texto, Rafael Marques responsabiliza Santos pelas incompetências, especulações e corrupção "como valores sociais e políticos". Marques foi condenado a seis meses de prisão. 

Na cadeia, o jornalista recusou a se alimentar durante dias, como protesto por ter sido impedido pelas autoridades de se encontrar com sua advogada e com a família. Após as veiculações na mídia sobre isso, Marques foi colocado em liberdade sob fiança, mas a polícia o impediu de sair do país e falar com outros jornalistas. 

Alguns anos depois, foi novamente processado, em Portugal, por difamação em razão das denúncias contidas em seu livro "Diamantes de sangue: Corrupção e tortura em Angola". A ação foi movida pela sociedade mineira do cuango ltda - empresa sediada em Luanda (capital de Angola) e que explora diamantes na bacia do rio Cuanzo - e pela teleservice, uma empresa de segurança privada. O processo foi arquivado em 2013, por falta de provas, a pedido do Ministério Público português, mas foi reaberto em 2014 e nesta semana ele está sendo julgado. 

Infelizmente, a situação de Rafael Marques em Angola não é um caso isolado. Inúmeros são os ativistas que sofrem retaliações por promoverem ações pelos direitos humanos, como críticas ao governo nas mídias, expressões culturais e manifestações. O ativista José Carlos Muvungo é o exemplo atual: http://www.redeangola.info/organizacoes-de-direitos-humanos-pedem-libertacao-de-activista/

Talvez, estes sejam reflexos das medidas imperialistas e globalizantes em países da América latina e do continente africano: o silenciamento dos que lutam contra o fascismo instaurado em países que, como o Brasil, têm uma farsa democracia. 

Para ler o livro de Rafael Marques, faça o download pelo link: 
http://www.redeangola.info/diamantes-de-sangue-ja-foi-baixado-por-mais-de-55-mil-pessoas/



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